Voluntário, sem você não seríamos nada!

Em nome dos Pacientes de Doenças Reumáticas, obrigada por tudo!

A entrega e a dedicação em benefício de outras pessoas são fundamentais em áreas como a da saúde, gerando experiências sociais e solidárias a todos os envolvidos. Com sorrisos, atenção e carinho, o voluntário pode aliviar dores e transformar a vida das pessoas à sua volta. O voluntário contribui na atenção maior ao paciente, complementando a dedicação dos profissionais de saúde. Ao ajudar os outros, ajuda a si mesmo e a todos.

O voluntariado é uma ferramenta de integração social, uma relação de troca, uma via de mão dupla. Ganham todos: o voluntário, quem recebe e a comunidade. Por isso, a relação entre voluntário, paciente e comunidade precisa ser harmoniosa e positiva para todos que fazem parte desta corrente. Todos necessitam serem vistos com o mesmo carinho com que foi feita a própria escolha pelo voluntariado.

As motivações para a escolha e a decisão podem ser muitas: aprendizado próprio de vida, busca por novas experiências afetivas, procura por entrega, fazer o bem sem olhar a quem, ocupação do tempo livre por uma causa nobre, libertação própria em benefício do próximo, entre outras tantas. O voluntário tem aspirações como combater a discriminação, a exclusão e a indiferença da sociedade.

Algumas pessoas procuram o serviço voluntário para suprir uma demanda própria. Tudo bem, não há problema nisso, mas é importante saber que ao escolher o voluntariado, o sujeito mais importante neste trabalho é o outro.

Qualquer pessoa pode ser um voluntário. No entanto, é necessário saber que ser voluntário exige algumas habilidades, conhecimentos, percepções, capacitações que devem ser adquiridas antes da entrega ao outro. Lidar com as necessidades específicas de cada pessoa e saber das particularidades de cada caso é fundamental para que o voluntariado continue sendo bom para ambos os lados.

O olhar do voluntário, em se tratando de paciente crônico, deve ir além do paciente e atingir a família, que ali, em poucos e breves contatos, deve receber o acolhimento e ser vista com empatia. E a ambos este olhar deve ser dirigido com carinho e compreensão, procurando entender a realidade e a história de cada núcleo ali envolvido.

Ao mudarmos a forma de enxergar as realidades, somos levados a reconsiderar algumas conclusões e julgamentos formulados equivocadamente. Há formas diversas de ver uma situação: a mesma mãe que pode parecer relapsa para com o tratamento do filho pode estar sendo obrigada a largar o trabalho para entregar-se a acompanhar o tratamento, correndo o risco de ser despedida ou recebendo menos por ter de se ausentar; ou ainda, tendo que se dividir entre outros filhos e as necessidades igualmente urgentes destes; pode estar passando por dificuldades financeiras; pode ainda ter sido obrigada a descuidar ou até mesmo de abandonar uma prescrição alimentar sem glúten e lacto por causa do preço caro impossível de ser mantida com tantas outras bocas a alimentar em casa.

Esta mãe, às vezes, chega a negar a doença, fugir da realidade, como forma de aliviar a culpa por não conseguir cumprir com o que deveria. O pai que deixa a criança para o tratamento nos corredores do hospital e desaparece pode não estar fazendo isso por falta de sensibilidade, mas por um medo que talvez nós não saibamos mensurar. Pais de pacientes têm muito medo de morrer e deixar seus filhos sem seus cuidados e nem sempre sabem lidar com esses sentimentos, mostrando-se irritados e com raiva. São humanos, não são? Eles têm medos, receios, dúvidas, cometem erros.

É aí que cabe muito bem o olhar importante e atento do voluntário, que apesar do pouco contato, percebe que há algo – mesmo diante de evidências que possam fazer parecer negligência – que vai além do julgamento superficial. E aí o voluntário pode acolher, além do paciente, a mãe, a família. Ao compreender a dura realidade que está por trás de cada caso, potencializa sua ajuda e atende e acolhe o paciente por completo.

Se os tratamentos não estão tendo os resultados esperados, o voluntário deve estender o olhar além do próprio paciente e, sem julgamentos precipitados e que em nada ajudam, se perguntar: “Por que será que esta família não está conseguindo dar conta do que é preciso no tratamento?”, “Como esta avaliação pode ajudar na melhora dos procedimentos de atendimento?”, “Por que a criança falta às consultas?”.

Ao não procurar culpados pela situação, não creditar o problema a lares desajustados, famílias negligentes ou crianças e mães indisciplinadas, ampliamos a possibilidade de encontrar soluções para melhorar o atendimento do paciente.

Sim, todos adoecem juntos, não só o paciente. Ao compreender que a doença toma ao mesmo tempo o paciente e sua família, passamos a enxergar todos como sendo aquele a quem, ao escolher o voluntariado, nos decidimos nos dedicar para que ele tivesse uma vida melhor e mais digna. Tenhamos empatia para com todos.

Texto: Luciana Ribeiro

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