Paciente Reumático que faz uso de Biológicos e ainda não teve a doença ou só foi vacinado na infância, se tiver contato com alguém com suspeita ou comprovadamente com sarampo, preste muita atenção:
- Quem faz uso de Biológicos não pode tomar a vacina, porque ela é feita de vírus vivos.
- Quem faz uso de Biológico tem a imunidade reduzida, ou seja, se pegar a doença deverá tratá-la ainda com maior atenção, pois o quadro será agravado, tornando-se mais agressivo. Os cuidados deverão ser diferentes que os de um paciente que não passa por este tipo de tratamento.
- Deve-se conseguir o máximo possível de informações sobre a pessoa diagnosticada ou com suspeita de sarampo: nome; data do diagnóstico; hospital em que foi detectada; data de início dos sintomas; data do surgimento das bolinhas vermelhas etc.
Diante de tal exposição, o paciente que faz uso de Biológico deverá receber outra medicação para imunizá-lo, a gamaglobulina endovenosa. Este processo dura de 4 a 7 horas e só é oferecido em hospitais.
Acontece que esta medicação, caríssima, está em falta no MUNDO. A epidemia de sarampo se espalhou, os EUA e a Europa estão cheios de casos e preocupadíssimos, também. A medicação tem um custo de R$ 5.500,00 por frasco, na rede particular. Um adulto deve usar de 2 a 3 frascos e estará imunizado por um período entre 21 dias a 2 meses. É o único recurso para proteger esses pacientes. O governo assumiu o controle dessa medicação para garanti-la às grávidas, que também não podem receber as vacinas, passando assim a controlar as autorizações para aplicações nos demais pacientes que necessitam.
Como a medicação está em falta, o único hospital particular que tinha à disposição até a semana passada, dia 13 de setembro (quando precisei), era o Sírio Libanês, em São Paulo, no preço exposto acima. Eu, que tenho 64 quilos, gastaria R$ 11.000,00 em 4 horas de medicação para estar imunizada por um período inferior a dois meses. Complicado, não são números aplicáveis para a realidade brasileira.
Foi quando a minha querida Dra. Karina Bonfiglioli, a melhor reumatologista do mundo, junto com a Dra. Monica Levi, a melhor especialista em imunização do mundo, referências no assunto, me deram todo o suporte desde a explicação da necessidade da atitude, quais procedimentos adotar, onde e como buscar, até relaxarem quando eu relatei que havia dado tudo certo.

Eu me dirigi ao Hospital Emilio Ribas, em SP, hospital público especializado em infectologia, no qual eu nunca havia entrado. Eu tinha a imagem de um lugar público, cheio de problemas e burocracias e quebrei a cara (Que bom!). Desde o guarda da portaria até o guarda da saída, eu fui muito bem atendida, sempre de forma profissional e educada. E o que mais me chamou a atenção foi que todos do hospital conheciam os processos e davam orientações de forma precisa e segura, como em poucas organizações e em quase nenhum hospital vi até hoje. Fui atendida prontamente, fizeram todas as perguntas necessárias para avaliar a necessidade da medicação diante do meu quadro de Espondilite Anquilosante, do uso de medicação Biológica e da exposição ao meu funcionário no escritório dois dias antes, o qual foi diagnosticado com o sarampo.
Achei que entraria lá e receberia uma lista enorme de documentos para apresentar e teria uma trabalheira maluca para poder, com sorte, receber a medicação e não gastar os R$ 5.500,00 por dose no Sírio, mas não! Surpresa boa foi que por ali eu fiquei e não saí sem a medicação, de graça. Os enfermeiros cuidaram de toda parte burocrática, mantendo-me sempre em conforto e separada dos demais pacientes, depois me levaram para o Hospital Day, que fica no mesmo espaço, lindo e com equipamentos de primeira, médicos maravilhosos, que me deram toda atenção, sempre com muita gentileza. Colocaram-me para pesar e pronto, fiquei a tarde toda lá recebendo, além da gamaglobulina, muita orientação dos assistentes sociais. A cada 30 minutos verificavam meus sinais, ofertavam-me alimentação, coberta e muito carinho. Foi surpreendente.
Bom, né, quando somos surpreendidos positivamente? Saí de lá feliz, com a impressão de ter recebido mais um presente da vida. Mas, Emilio Ribas à parte, a atenção com o sarampo para estes pacientes é algo especial. Eu não tive a doença na infância e só tomei as doses normais da vacina, há mais de 35 anos, portanto, agora o Biológico foi suspenso por um mês, para eu poder receber a vacina e apenas depois de mais um mês é que voltarei para a medicação e para o tratamento necessário da Espondilite.
Espero com este relato ter chamado a atenção para o fato. Por favor, cuidado!! Para nós não é um SIMPLES sarampo, tampouco uma SIMPLES vacina!