O meu Caetano é o Zeloso…

E hoje 14 de setembro é um dia de grande felicidade! Saber que o meu Caetano Zeloso está de alta do tratamento caiu como um cafuné de Deus.
Anjos existem e devem permanecer entre nós!

Obrigada, Caetano Zeloso, meu menino gente grande, que aprendeu a ser parceiro, a dar apoio, a incentivar e, mais do que muitos que não percebem, a passar amor e alegria, segurança e força para quem está fragilizado por uma patologia.

Você é um Herói!


 

Dia 4 de janeiro, dia de infusão. Como faço uso de medicação biológica para conter a espondilite anquilosante, doença reumática que convivo desde maio de 2018, lá fui eu para o hospital de sempre aqui em São Paulo.

Como de costume, quando eu e muitos outros pacientes escutamos vozes de crianças, nos oferecemos para receber a medicação na frente deles. Isto serve como forma de incentivá-las, mostrar que não dói, que não choramos… essas coisas que dão amor e conforto para os pequeninos que vivem a mesma jornada que nós, porém com menos idade e muito mais sonhos.

E eis que ouço pelos corredores do hospital: “Caetano isso, Caetano aquilo, o Caetano é lindo, o Caetano… O Caetano…”. Imediatamente me ofereci para que ele me visse tomando a medicação. A enfermeira, porém, muito gentil e delicada, me explicou que não se tratava da mesma situação e nem da mesma medicação, que o caso do Caetano era diferente. Bom, tudo bem, pensei. E me mantive reservada por trás de meu biombo, para tirar as pernas para fora e receber a picadinha.

Foi quando, de repente, o biombo é aberto por uma mãozinha linda, com cinco dedinhos. Dali consegui ver os pais do dono daquelas mãozinhas: atentos, serenos, iluminados e sempre presentes. Logo surgiu ele, o Caetano. Lindo, loirinho, com uns 90 centímetros de altura, cheio de autoridade e sabedoria.

Caetano perguntou à enfermeira: “essa moça vai tomar medicação?”. Sem esperar a resposta, me disse: “Olha, não vai doer nada, seja forte, vai valer a pena”. Lindo! Então, sua mãe o advertiu: “Caetano, se for doer, diga a verdade, não pode enganá-la”. E ele foi logo corrigindo: “Tá bom, tem razão, vai doer um pouquinho, mas depois você vai ficar ótima, vai poder correr, brincar, vai ficar tudo bem… É só uma picadinha, vai valer a pena!”. Então, estendeu sua mãozinha, que ficou enorme segurando firmemente a minha. Enquanto a aplicação não terminou ele não soltou minha mão.

A mágica se fez! Ali, diante dos meus olhos e do meu coração. Sim, o Caetano era gigante e me confortou como um adulto sábio, como um anjo, como alguém que aprendeu a amar e a se dar para o outro. Lindo Caetano! Ganhei o dia, nunca saí tão feliz dali como naquele 4 de janeiro de 2022. Foi o meu presente de Ano Novo, eu ganhei o Caetano, o Caetano Zeloso.

Amparar, cuidar, dar amor, apoiar, estender a mão – literalmente – faz bem demais, para quem recebe e mais ainda para quem dá. E ainda mais para quem entendeu tudo e sabe dar.

Obrigada Caetano, o Zeloso!

Luciana Ribeiro

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