Mamãe reumática de primeira viagem

Mulher de cabelos cacheados, e tiara, sorri abraçando seu filho no colo que está embrulhadinho com a cabeça no ombro da mãe.

É com muita alegria que escrevo meu primeiro texto para o Dia das Mães como mamãe reumática de primeira viagem. Se dizem por aí que ser mãe é padecer no paraíso, com doença reumática, então, é padecer em dobro (rsrsrs!).

Brincadeiras à parte, a maternidade é tanto almejada por muitas mulheres com doenças reumáticas quanto muito temida, pois é algo desconhecido e pouco divulgado. Lembro-me há 13 anos, quando tive o meu diagnóstico de AR: a primeira coisa que ouvi foi que eu não poderia ter filhos, pois nasceriam deficientes.

E como fica a cabeça de uma mulher que sonha ser mãe ao ouvir esse tipo de comentário? O diagnóstico em si já é um soco no estômago, mas que nem se compara ao ouvir isso. O tempo, no entanto, só mostrou o quanto a vida pode nos surpreender de maneiras inimagináveis.

Fui “tentante” por 14 anos. Já antes do diagnóstico estava em busca de viver o “maternar”, porém o sonho precisou ser adiado com o início do tratamento, que não permitia conciliar as duas coisas. Era preciso cuidar primeiro da saúde do meu corpo e da minha mente. Após a remissão, uma boa conversa com o meu reumatologista na época foi essencial para acalmar meu coração: a informação de que, sim, é possível ser mãe mesmo com doença reumática, mesmo fazendo tratamento!

Mas claro que existe todo um cuidado e planejamento necessários. Estar em remissão, por exemplo, é o cenário ideal e mais indicado, pois, com a doença sob controle, você terá uma gestação menos dolorosa, podendo aproveitar e curtir cada momento.

Informar seu médico sobre o desejo de ser mãe é fundamental, pois seu tratamento e os medicamentos serão definidos a partir daí, porque há opções que podem ser utilizadas na gestação e há, em contrapartida, fármacos que são proibidos.

Os anos passaram e Deus me permitiu ser mãe! Não vou mentir, dizendo que foi super fácil enfrentar uma jornada de 39 semanas de barrigão, mas curti cada minuto, cada ultrassom, cada chutinho. E hoje meu milagre está nos meus braços, pra provar que é possível, sim, viver a maternidade, mesmo com limitações, mesmo com uma jornada de paciente reumática.
Ser mãe só me tornou mais forte e me deu mais energia para enfrentar qualquer dificuldade. Quero desejar um feliz Dia das Mães a todas as mamães reumáticas e pedir a todas as mulheres que sonham com a maternidade que não desistam. O reumatismo não pode ser maior do que o seu sonho!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *