Artrite reumatoide muito além de uma “doença de velho”

Por Dayane Ferreira 

O mês de outubro está terminando e com ele um período importante sobre a conscientização das doenças reumáticas. Para mim, em especial a data de 12 de outubro é muito familiar e significativa, pois, trata-se do Dia Mundial da Conscientização da Artrite Reumatoide, doença com a qual fui diagnosticada há 12 anos. Para mim é uma velha conhecida, mas, muitos ainda não sabem do que se trata, não conhecem as gravidade e impacto sobre a vida dos pacientes.  

Temos o estigma da “doença de velho”, já que muitas pessoas sem informação adequada, associam “artrite” com ”dor articular”. De fato, a artrite reumatoide acomete principalmente as articulações causando degeneração irreversível, mas também pode afetar outros órgãos do corpo. É uma doença que atinge todo o organismo de maneira sistêmica.  

A artrite reumatoide também é classificada no grupo de doenças colagenosas, que são doenças autoimunes, atuantes nos tecidos conjuntivos presentes nas articulações e globo ocular. Por isso, é muito comum encontrar pessoas reumáticas que tem alguma doença relacionada aos olhos, como: 

Ceraconjuntivite sicca: que é caracterizado pelos olhos secos, sensação de areia nos olhos. Os sintomas são: Hiperemia, prurido, baixa acuidade visual, diminuição da quantidade e qualidade de água que produz a lágrima; não é a mesma coisa que a síndrome de Sjogren, porém está presente nela. 

Episclerite: É a inflamação da membrana da episclera, é autolimitada e apenas 30% dos casos estão relacionados com doenças sistêmicas; pacientes em uso de lentes de contato podem desenvolver essa inflamação com mais facilidade. 

Esclerite anterior:  É uma doença incomum, mas, quando surge, costuma estar associada a AR. Causa bastante dor nos olhos. Pode se apresentar na forma difusa ou nodular e está relacionada com as crises da doença reumática. Dados mostram que quando se tem uma esclerite, o prognóstico da AR é um pouco pior. 

Esclerite Necrotizante: é a forma mais agressiva e inflamatória, forma vasos oclusivos. 

Esclerite necrotizante não inflamatória: é uma forma sem dor, porém também muito associada a AR em pacientes com a doença agressiva. 

Vale pontuar que alguns medicamentos, como a hidroxicloroquina e corticoides, podem causar alterações oculares se não tiverem o acompanhamento adequado. 

As causas de óbito mais comuns entre pessoas com AR são por doenças cardiovasculares, pneumonia e câncer. Por isso, é tão importante reforçar que a AR vai muito além de simples dores nas articulações. É essencial fazer um acompanhamento médico multidisciplinar, tratamento seguido à risca, mudança de hábitos e muita paciência, principalmente nos primeiros meses após o diagnóstico. Sempre lembrando que o tratamento não é uma receita de bolo, é individual e único para cada indivíduo. 

A conscientização precisa ser um esforço constante, que vai muito além do mês de outubro. A conscientização deve acontecer todo dia: em casa, no trabalho, na faculdade, dentro dos hospitais e consultórios. Se você é paciente reumático não tenha vergonha de falar sobre a doença para quem desconhece. Muitas vezes do outro lado está uma pessoa passando pelos sintomas iniciais, precisando de orientação ou informação adequada, por isso compartilhar suas experiências é muito importante! 

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